Giro - Art on Wheels
everywhere but Porto, Portugal.
spring 2017 ~ still

















Marcha essencial,
o princípio do Giro.
Minha máquina de sorrisos, minha eterna rendição
com ela sigo em frente, no giro da roda que avança
pra mudar de condição.
nem que seja a da tristeza para a feliz satisfação.
quando com ela vou pra rua, é no compasso
do tempo que sigo.
lembrar que tudo na vida é etapa,
respeitar o tempo que a urgência dos dias
insiste em atropelar.
tem que ter tempo de amar!
e assim, é o trabalho na rua,
quando recebo um sorriso
que lê na placa o Giro,
não há tristeza que insista
não há tempo que não gira
e não há fraqueza que resista
a força dos sorrisos que dizem
AVANÇA!
GIRA!
... acorda menina, lembra-te sempre que é amor.
_primavera de 2017.
// Entrevista P3 // Setembro, 2018. Jornal Público.
// Instagram // Facebook //
Giro é um veículo.
de transporte de artisa itinerantee de comunicação.
de Luciana para quem der atenção.
primeiro foi de liberação de sua VOZ.
depois, de escuta.
de ti e de quem quiser.
de observação de si,
do que está ao redor.
seja privado ou público.
e então, de vossa VOZ.
de quem não teve ouvidos
e foi oprimido.
Giro é veículo.
de propagação e atenção à tua VOZ.
pela não perpetuação da invisibilidade,
a favor da diversidade
e da devida atenção à sensibilidade, subjetividades,
a tanto tempo ocultadas, reprimidas. ao subtil, a tempos ignorado.
ao que só se vê, escuta e transforma quando permite-se:
deslocar espaço e tempo comum aos homens sistêmicos.
desacelarar. espaço para a a ten ção.
Comunica-se assim a VOZ universal, canalizada pelo sentido,
distante de razões automáticas.
_primavera de 2020.
|| Valores / missões

Premissa: que todos os seres sejam felizes e livres de sofrimento.
Valores individuais para servir bem ao coletivo pelo meu fazer:
Acreditar;
Sinceridade no criar;
Fidelidade ao corpo e à intuição;
Não ter medo das mudanças;
Não aprisionar-se na rotina, mas tê-la como parceira;
Amar a arte e não a figura do artista;
Trabalho como desfrute e comprometimento
(em desfrutar a vida e em trabalhar comprometida com a disposição de viver);
ENCANTAR-SE;
CELEBRAR a diversidade;
Observar os sinais;
Trabalhar para a independência e
liberdade criativa;
Criar/ transformar a própria realidade, se for preciso;
OS SONHOS IMPORTAM.
Questionar.
Trabalhar para a felicidade, afetar-se, afetar e comunicar.
Respeitar o movimento / tempo natural do corpo e seu tempo de criar.
Valorizar o sensível e o subtil no mundo;
Partilhar conhecimento de vida;
Todos os seres e elementos da natureza nos ensinam;
Atenção ao trabalho a cada processo;
Atenção ao corpo e a sua presença no espaço para observar a si;
Pela presença do corpo no espaço, observar com atenção e imparcialidade os outros corpos no espaço;
Que a ESCUTA e OBSERVAÇÃO sejam ferramentas para transformação
do ambiente por ações sinceras;
O trabalho deve seguir a verdade e motivações intrinscecas ao meu ser;
Estar atenta às infinitas possibilidades;
Tudo acontece quando deve acontecer.
|| Galeria móvel e ateliê de rua

Arte Postal, prints, originais 'free flow'
e publicações (zines).
Breve histórico
O projeto de um Ateliê móvel e galeria de rua, sobre as duas rodas de uma bicicleta, foi uma iniciativa e escolha por arriscar-se, pelo não saber, um voto de confiança à intuição. Assim, havia a intenção de mostrar seu desenho para pessoas desconhecidas e financiar sua própria existência para que construísse alguma liberdade de tempo e espaço mental para criar. O início de um mover-se em direção ao sonho de apenas ser, seguindo sua verdade. A bicicleta rosa, Madá, além de parceira da artista em processos de autoafirmação de identidades, autoconhecimentos e construção de um caminho artístico, foi a primeira bicicleta no Porto, que além de pilotada como veículo de transporte, também foi abaptada como espaço expositivo de trabalho ilustrativo e artístico. Hoje, ganha novos adeptos deste movimento, e assim faz-se história e cria-se culturas!
Na época de sua criação, primavera de 2017, finalizava a investigação para o mestrado, a qual, utilizando o diário gráfico enquanto lugar de pensamento, analisou o uso do espaço público e as interações sociais no Jardim de São lázaro, no Porto, e onde desenvolveu metodologias de desenho para percepção do sensível, no que tange o corpo e paisagem (e seus agentes), e como o Jardim afetava seu corpo (gênero feminino). Este processo de pensamento junto ao diário gráfico proporcionou pistas e abriu caminhos para a percepção da própria identidade enquanto indivíduo e criadora de imagens. Junto a este cenário iniciava também o movimento com a galeria-bicicleta em outros espaços públicos da cidade, inicialmente muito presente na Rua das Flores e a circular pela cidade em diversos espaços. À medida em que estava presente no espaço público, a presenciar variadas camadas de existências: artísticas, sociais e relacionais entre os grupos, a criatividade crescia exponencialmente junto à paixão pela vida e sua diversidade. O acesso à visitação à esta galeria, portanto, é livre.
Enquanto galeria móvel, costuma estar, na maior parte do tempo, na Ribeira, cidade do Porto, onde apropria-se de um hidrante de água como sua mesa de trabalho ao ar livre e lugar de escuta e observação. Este lugar à beira-rio é também o bairro onde mora, lugar afetivo, lugar base, onde cria raízes e se relaciona com a paisagem e habitantes à borda d'água. Lugar de retorno após itinerâncias, a cidade casa. O Porto, é um Porto.
Em formato itinerante, transita entre festivais e feiras variadas, como o Festival Músicas do Mundo, Guimarães NocNoc [2019], Feira da Alegria [2017-2019], realiza percursos didáticos para o sensível, workshops ou viagens autônomas de bicicleta.
O tipo de produção encontradas neste espaço: desenhos, postais, autoedições e prints. Entretanto, esta produção se distingue do tipo de prática artística pessoal, que acontece fora do espaço público, mas sim no espaço ateliê/casa, íntimo e privado.
Os Postais

Os postais ilustrados merecem uma seção especial. Pois relacionam-se comigo de forma muito afetiva, em memória e significado. No início da Giro, era apenas a caixa frontal com postais por donativo livre, e este foi um portal de liberação da minha voz e de partilha de conhecimento de vida pelo desenho. Lá vão mais algumas relações afetivas com este suporte:
- Desde criança tenho costume de colecionar Postais. Isto fez crescer desde cedo uma afeição por este suporte e maneira de se comunicar! (também costumava colecionar papéis de carta ilustrados).
- Gosto de conectar os mundos físico e digital e realizar esta interação entre tempo e espaços através deste suporte tão antigo em um mundo cada vez mais digital. Ser pessoal em tempos de distância social.
- Quando, a estar com a bicicleta na rua, observo a felicidade no rosto das pessoas no momento em que o desenho comunica com suas almas ou quando um postal as faz lembrar alguém querido!
- Quando as pessoas estão a escolher um postal com o pensamento em alguém querido o qual queriam presentear.
- Gosto de imaginar que meus desenhos estão viajando, (mesmo se eu estou quieta em um lugar) levando com eles bons sentimentos só porque alguém pensou sobre um gesto de carinho quando o levou consigo.
- Gosto ainda mais quando me pedem para de escrever mensagens personalizadas, assim partilho esses sentimentos bonitos com mais pessoas, alegria de viver e partilha! Simpelsmente espalhar boa energia pelo mundo com postais! <3












Alguns dos postais ilustrados criados a partir das experiências cotidianas e percepções de mundo. A maioria emerge do diário gráfico.
Pocket Exhibitions
Espaço expositivo (caixa acoplada à bicicleta) destinado à exibição de Arte Postal de outros artistas no espaço rua. Um artista por mês. Até então foram exibidos trabalhos / postais de Vital Lordelo e Louise Kanefuku. Pausado por motivos de pandemia.



Motivação:
No muro de Berlim eu vi escrito:
"muitas pequenas pessoas as quais em pequenos lugares fazem muitas pequenas coisas que podem alterar a face do mundo".
E é exatamente o que acredito. Então para estrear minha pequena sala, ou "caixa" de exposições na minha pequena ambulante bicicleta onde convidarei um artista por mês (que faça postais), inicio com o artista Vital Lordelo. Vital, a muitos anos atrás, quando estava de visita em Brasília, teve a pequena iniciativa de entrar em contato para apenas juntarmos para fazer e espalhar posters pela cidade. Ele não me conhecia, nem ao meu companheiro na época, mas teve a iniciativa de 'ir ao encontro' para apenas fazermos pequenas coisas sem expectativas de nada além. Foi lá a primeira vez que pensei em algo para a rua. Eram cartazes ilustrados com rostos de pessoas comuns a dizerem frases gentis. Com a intenção de serem imagem-sorriso para o transeunte. Uma pequena ação que poderia alterar o humor de um dia, um minuto ou seja lá o que for. Hoje, a bem uns 10 anos depois, vejo como esta pequena iniciativa do Vital teve grande impacto no que venho fazendo hoje e como tem relação com minhas motivações.
E agora quero que minhas pequenas iniciativas sejam luz também. Que "pequenas grandes" pessoas tenham voz. A voz é um direito, infelizmente historicamente negado a alguns muitos. Mas sim, acredito nas "pequenas" iniciativas somadas e seus efeitos. Estas aqui, utilizam afeto e escuta como força e portal de comunicação.
#pocketexhibition #itinerantart #artonwheels #streetexhibition
#illustration #postalart
|| Ações / Escuta

O que te move?
Inserido no espaço urbano do bairro da Ribeira e Rua das Flores, Porto, foi realizado uma série de escutas a partir da pergunta ‘O que te move?’ que foram acompanhadas de desenhos / retratos.
O objetivo é investigar a natureza das motivações humanas pela diversidade de pessoas: moradores, turistas, viajantes, trabalhadores, etc, independente de nacionalidade, situações econômicas ou socias;












|| Economia
Sendo um projeto que preza pela diversidade, o modelo de auto-sustento da artista com seu modo de existir e tabalhar com a Giro, é de objetivos democráticos e sustentáveis. Primeiro, por expor em ambiente livre e acessível a todos e por propor a troca de seus desenhos em formato ‘postais ilustrados’ por donativo livre, enquanto outros produtos advindos da produção em campo ou em casa, são oferecidos a preços diversos, adaptando-se ao poder de compra das diferentes pessoas. O acesso à visitação à esta galeria, portanto, é livre. Em três anos de Giro (2017 - 2020), a resposta a esta iniciativa é generosa por parte das pessoas e a crença destas no desenho e experimentações visuais expostas trouxeram mais força e confiança. A paixão pela vida e a diversidade é a motivação por continuar neste movimento que começa a abraçar novos percursos no âmbito do ensino, da criação e da coletividade.
O exercício em espaço público, que caminha junto à captação sustentável de recursos para própria existência, está temporariamente impedido pelo estado de emergência, bem como outras colaborações e participações em projetos coletivos.
// Situação dos artistas de rua pós COVID // Maio, 2020. Jornal Público.
Onde adquirir minhas ilustrações ou apoiar minha produção artística?
Internet:
// Apoie o meu trabalho sendo um padrinho! // Be a Patreon! //
// Loja online // Online Shop //
// Plataforma A Joia, orivesaria de sentimentos //
Local (Porto)
// Squid Ink //
Rua do Loureiro 110, 4000-326 Porto
// Loja Suuper_ //
R. de Sousa Viterbo 73, 4050-593 Porto
// Padaria Águas Furtadas // Rua do Almada Nº13 4050-036, Porto
// Poetria Livraria // R. Das Oliveiras 72, 4050-448 Porto

Em outras palarvas...
É um movimento espontâneo de comunicação entre artista e pessoas. Canal de escuta e transmição, em linguagem ilustrada e desenhada, de vozes emergentes da diversidade de existências, encontros, relações e paisagens.
Escrita e o desenho são as ferramentas para observação atenta, enquanto o resultado visual aflora em formato ilustrado ou editado (pequenas publicações).
|| Ilustrar a vida / Missões artísticas autoetnográficas /
partilha de saberes do cotidiano, do vivido e da natureza.

Seguindo o método da autoetnografia e o suporte ‘diário gráfico’ enquanto ferramenta de percepção, em 2018 realizou-se missão artística auto proclamada, a pedalar o caminho de Santiago. Saindo do Porto com apenas 20 euros e sem compromisso, os postais foram vendidos e /ou trocados pelo caminho para custear alojamentos e refeições. Esta missão foi de grande sucesso, Luciana retornou ao Porto com exactos 20 euros, vivências mágicas e mais felicidade em viver sem desperdícios. Esta experiência a rendeu outra missão: ir para a Ásia. Quase um chamado intuitivo e instintivo do corpo, Luciana partiu com 200 euros e lá permaneceu por quatro meses (entre norte da Índia e da Tailândia). O objetivo era continuar a ilustrar e registar conhecimentos de vida elegendo como bússola o instinto/intuição de movimento ou pausa do corpo. Entretanto, objetivos adaptaram-se à necessidade por gerar recursos para a sobrevivência, alterando o tempo disponível para criar. No percurso, oficinas de narrativa visual e exercícios de criação foram ministrados à crianças Israelenses; Monges ofereceram espaço para exposição relâmpago e arrecadamento de donativos para seguir viagem e uma bicicleta surgiu emprestada para viver na Tailândia por 1 mês e meio a vender postais e prints. Foram experiências que proporcionaram sabedoria e compreensão sobre ‘migrar’, persistência em um caminho artístíco, e sobre a percepção da própria identidade enquanto ‘corpo/bicho/mulher’ que se move.
Ser um corpo na paisagem nos traz diversas nuances e percepções que cambiam no espaço do entre mundos, o do que está inscrito na paisagem e o da nossa experiência, contaminam-se um no outro numa compreensão fenomenológica da relação participativa homem-mundo, como colocado pela visão Pontyana "Daí o papel do mundo percebido como ambiente de experiência em que não há projeção da consciência sobre todas as coisas, mas participação da minha própria vida em todas as coisas e reciprocamente" (Merleau-Ponty, 2000; 64).
Portanto, a Giro é um projeto de itinerância ilustrativa, veículo de transporte e ateliê para artista migrante que encontra neste lugar móvel espaço para escoar texto, imagem, experimentações na área da autopublicação
[selo giro editions] e produção de conteúdo poético, crítico e visual.







Processos de organização de trajetos e memórias.
Foto: Paulo Pimenta. 2020.
Diário Gráfico



















O Diário Gráfico é o lugar de pensamento, extensão do corpo e da mente. Contentor de processos e projetos, lugar de diálogo e ferramenta para destilar percepções sobre o mundo. Parceiro de trajetos. Objetiva a observação de cultura, relações sociais e a partilha de conhecimento. O vivenciado enquanto força criativa.





Páginas do Diário Gráfico de viagem. Memórias, observações, aprendizados.
|| Giro Editions / Publicações
Autopublicacão independente!
Mini edições de autor. A independência de autopublicar-se como processo de liberdade para o expressar. Pequenos resultados narrativos de subjetividades vividas em formato livro.
Projetar livros pode ser uma atividade muito além do tecnicismo, pode, e é também, uma prática para nos colocar presentes, para nós e para sociedade. Pensar livros como suporte de expressão pode ser mais do que uma demanda, pode ser uma forma de colocar-se no mundo, um ato político, uma ponte para partilha, uma forma de amar, autoconhecimento e comunicação. Uma forma de estar e se expressar. A autopublicação, principalmente, nos permite esta liberdade na criação.






Zine Vouyeur, selo Bebel Books, 2015. Primeiro zine publicado pela secção de zines eróticos da Bebel Books e também primeiro zine de Luciana, agora também disponível na Giro.
// Escute o Podcast // com Bebel Abreu e com a artista Ale Kalko sobre autopublicar e onde falam um pouco sobre o zine voyeur!







Zine 'Lugar do Tempo', 2018. Quais os limtes que dividem razão e emoção? Quanto tempo passamos a pensar sobre as emoções e acabamos por não estar a viver novas experiências? Mas este tempo é perdido? Talvez não. Olhar para as emoções é também tempo ganho.








Zine 'Transatlântica', 2017. Reconhecer um corpo migrante em constante transmutação, Entrar em contato pelo toque, sentir este corpo. Como um transatlântico, corpo que cruzou o oceano Atlântico. Do Brasil para Portugal. (desenho sensorial).






Zine 'Dala Flower and The Birth of Ginger Woman', 2019. Zine sobre o nascimento de uma nova mulher e sobre a presença de uma flor asiática, a Ginger Torch, que crescia aos montes no quintal da casa em Tailândia, à beira da água, e guiou todo este processo de amadurecimento.




Caleidoscopio de papel 'Infinito Feminino', 2018. Desenhos instintivos sobre o poder do feminino e sua relação natural com os elementos da natureza.
|| Educativo / corpo e paisagem
A arte educação surgiu também como um movimento espontâneo e natural nos processos e caminhos percorridos por Luciana com a Giro. O objetivo principal é partilhar métodos de criação inerentes à sua prática para contribuir com o acesso e naturalização da autopercepção e autoexpressão de pessoas diversas. Para adultos e crianças, atualmente há duas vertentes de ensino que transitam entre o contacto com a palavra e o desenho como ferramenta de conexão entre corpo e ambiente, sempre com alguma surpresa que surge do processo e dos diferentes encontros! Atualmente em formato presencial.
Viva e autopublique-se!








Aulas de práticas de desenho, narrativa escrita, exploração do espaço e liberdade criativa. Percepção entre corpo e experienciado como gatilho criativo. Ministrado à crianças entre 5 e 12 anos, em casas de três famílias em Pai, Tailândia. 2018.
Percurso








Percurso sensorial com livro auto-guia 'De Corpo Presente' para percepção de uma cidade poética por uma viagem que se inicia por um corpo sentido. O percurso é o mesmo, porém, as são únicas, assim como é cada ser. (Adultos). The (mis) guided Tours, projeto Satélite da Bienal de Design do Porto. 2019.
Fotos: Maria Paula Kemer.
Uma das maiores referências pedagógicas, Paulo Freire:

