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Bairro São Pedro da Afurada
Fevereiro 2020

Mastros estendais
Velas Varais
Na agua barcos vazios
De ricos sazonais
No sol roupas a secar
ao vento bailam as memorias daquelas
Cantigas de vizinhas Lavadeiras
De bairro
de Sao Pedro,
Da Afurada.



Bolos artísticos.
Fabrico próprio e diário.

Dezembro 13 2019

A todos os húngaros que me destes, Portugal. A todos os rolos artísticos que seu tempo de permitir caminhar [devagar] permitiu a mim enxergar. A todo café diário com prosa e conversa. A todo almendrado que transformou lágrimas de sal em sorriso doce. Obrigada Portugal, a toda brôa de mel comida aos pedaços por travessias da fronteira Aliados. Pela ponte entre Bomfim, regional, casa primeira em ti》e Ribeira, bairro rio, água, cheiro de bolo, portal, a minha casa-rua, refugio de onde vejo o infinito do alto de uma torre. Portugal úmido, mergulhei no teu oceano e o sinto, um Porto, Oporto. Obrigada Portugal por permitires sentir falta de casa, a tua e a minha primeira, contrastante e umbilical casa: Brasil, Goiás, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, a árida, horizontal e lindamente vermelha de pó, BRASÍLIA. Que venham os pequis, caldo de cana, horizonte e céu. O Cerrado. Volto já, Portugal.




Zé da Europa.
Dos passeios com Madá.
June 8 1953

Hoje em algum lugar entre miramar e lavradores(?) passei por esta residência. Cheia de figuras curiosas meio bizarrinhas e divertidas, cuidadosamente pintadas de verde e branco. Próximo ao "Zé da Europa" uma placa em homenagem ao Sporting Clube. Perguntei ao senhor que estava cuidando da hortinha se seria um clube, um bar. Queria entrar. Começou a dizer, balbuciando devagar um português-sem-certeza se eu compreendia. - Falo português sim, senhor. - Ah, bem, menina. Isto já foi a casa de um fanático do Sporting, ele mesmo fazia esses bonecos estranhos, pintava e colocava aí. Já faleceu a 6 anos. Agora vive aí uma menina viúva e mais um casal na outra casa. Todos que vêem morar aqui mantém o jardim e os bonecos bem cuidados e pintados. Em homenagem a ele, sabe. - Uau! Qual era o nome dele? Zé da Europa? - Hahah, não, menina. Era Miranda.

#memoriaquevive #portugal #sporting #dailylife #peoplefromtheworld







Manifesto de bobeira.
June 10 1953

Louco. Carrega sua trouxa. Dos conhecimentos adquiridos e por adquirir. A liberdade de caminhar acompanhado das flores por um caminho iluminado pelo sol. O custo disto é estar sempre a um passo da queda livre. Só o resta confiar.


Relembrando a segunda missão artística autoproclamada. Esta no meu cavalo rosa. Capital inicial: 20 euros, retorno: 0 euros. Nos 300 km entre Porto e Santiago de Compostela, em 2018. Encontrei um festejo em Porriño, Galiza. O Sr. me chamou 'palhaça'. Não vejo nenhum problema em ser palhaça, nem boba. Aliás, esta pode ser a grande virtude. Meu trabalho é ser palhaça. Despreocupar de trabalhar, aí vai se fazendo, vai se vivendo.

Ja dizia a Clarice, a Lispector:
"O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando." Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a idéia.
O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não vêem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os vêem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski. [...] O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos. Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham a vida. Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem."


Colagem de carta de tarot e trecho do livro de
@raquel_palmira que descobri no Gato Vadio, do Porto.

#lemat #abismo #quedalivre #trust #path #bobo #thefool #newworld #omundoédosbobos #tarot







processo criativo
[pocket artist book
'o que aprendi com as flores?']
April 2020

Meu processo criativo é lento, pois ele envolve absorver subjetivamente tanto memórias e sentimentos , como auto analise e observação do ambiente (neste caso a natureza, especificamente as flores). Para este livro "O que aprendi com as flores". Eu utilizei três processos de criação / técnicas. Dois comuns na minha pratica e um novo! O livro é dividido em três partes INTERIOR / LADO A / LADO B.


1 - [desenho / transferência por papel químico] O desenho em si, de memória ou de observação, sempre foi o meu lugar de expressão. Também para tal, sempre me senti mais confortável a desenhar em materiais simples e não muito caros ou em cadernos / diários. Em 2017, redescobri, em Portugal os papéis químicos (ou papel carbono, como chamamos no Brasil), onde me sinto muito bem e confortável por desenhar livremente numa folha simples de papel ofício para depois transferir a outro papel com o papel químico. Assim tenho o resultado final, o qual me agrada muito visualmente, pela sua efemeridade. Para mim, esse resultado, quase que se apagando e que se desfaz com o tempo traduz também a impermanência da vida e de cada momento.

Os lados externos do livro, foram feitos com transferencia por papel químico, são eles: LADO A - Evolução de diferentes mulheres que descobri em mim nestes 4 anos. (ilustração destas mulheres / auto retratos)LADO B - Mensagens que as flores me trouxeram à medida que descobria uma nova mulher em mim. (ilustração de cada flor e seus saberes).

2 - [coleção] O Mais comum é utilizar para criar e me observar, materiais que coleciono que surgem no meu cotidiano, na vida, e também reaproveitar para criar o que eu tiver à mão em casa (basicamente crio com materiais disponíveis). Estes materiais as vezes ficam guardados comigo por anos até que os utilize.Coleciono objetos feitos pelo homem (maioria suportes planos como papeis e embalagens) e coisas naturais (pedras, flores, conchas) que me trazem algum recordo de afeto e alguma memória importante para minha auto observação. Talvez porque minha memória não seja lá tão boa, eu sempre tive isto de guardar coisinhas. No meu processo de autoconhecimento desde que migrei, fui observando a relação entre meu amadurecimento e flores que naturalmente surgiram no meu caminho e, literalmente, traziam uma mensagem a mim. Eu escutei as flores e relacionei ao momento presente a qual elas captaram minha atenção. Sim, eu converso com as plantas. haha (também sempre estive atenta à natureza, estando eu em meio a ela ou na cidade, entretanto desde que mudei a Portugal optei por estar ainda mais atenta de forma a misturar esta observação também na minha auto observação, o que se reflete no que produzo, naturalmente).
Coleções neste livro:
  • pétalas de flores que me foram oferecidas desde que me mudei para Portugal (2015 - 2019).
  • papel de bituca de cigarro (meu primeiro trabalho, em 2010, foi num projeto de reinserção e inclusão social de ex presidiários que acontecia dentro da Universidade de Brasília, pela Faculdade de Belas Artes, onde fazíamos papel artesanal, alunos e pessoas vindas pelo projeto. Lá foi desenvolvido por um aluno da química a receita para o papel feito com reaproveitamento de bitucas de cigarro, eu ajudei a fazer boa parte deles e tinha alguns comigo, que trouxe desde o Brasil. É um papel muito bom e macio, como de algodão. E é único, o que faz com que seja muito especial optar por utilizá-lo.)

3 - [monotipia em gelatina]  INTERIOR  - Guardo estas flores secas como memória de carinho e afeto. Lembro de quem me ofereceu.  Elas também traduzem um caminho, um percurso. Estas flores foram as matrizes para impressão do interior do livro, o qual utilizei a técnica de monotipia em gelatina. (prática que aprendi recentemente com minha amiga e vizinha, também artista, Najla Leroy e com o amigo artista Walter Almeida).Escolhi colocar a impressão destas flores no interior por serem um caminho de afeto, fazem parte do meu corpo íntimo, então fica guardado do lado de dentro.


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[EN]
My creative process is slow, because it involves subjectively absorbing both memories and feelings, such as auto analysis and observation of the environment (in this case, nature, those specified as flowers). For this book "What I learned from flowers". I used three creative processes / techniques. Two common in my practice and a new one!
The book is divided into three parts INTERIOR / SIDE A / SIDE B.

1 - [drawing / transfer by carbon paper]
The drawing itself, from memory or observation, has always been my place of expression. Also for this, I always felt more comfortable to draw on simple and not very expensive materials or in notebooks / diaries. In 2017, I rediscovered carbon papers in Portugal, where I feel very good and comfortable for drawing freely on a simple sheet of paper and then transferring to another paper with carbon paper. So, I have the final result which I like it, visually, due to its ephemerality. For me, this result, almost goes out and fades over time, also reflects an impermanence of life and of each moment.

The outer sides of the book, were made with transfer paper, they are:
SIDE A - Evolution of different women who I have been discovered at myself in the last 4 years. (illustration of these women / self portraits)
SIDE B - Messages that the flowers brought to me that relates to each new woman in me. (illustration of each flower and its sabers).

2 - [collection]
The most common process within creation and observe myself, are materials that I collect that appear in my daily life, and which I also reuse to create with what I have at hand (basically I create with available materials). These materials are sometimes kept with me for years until I use them.
I collect objects made by humans (mostly flat supports like paper and packaging) and natural things (stones, flowers, shells) that bring me some affectionate memory and some important memory for my self-observation. Perhaps because my memory is not so good, I always had this thing of keeping little things.
In my process of self-knowledge since I migrated, I have been observing the relationship between my maturation and the flowers that naturally came my way and, literally, brought a message to me. I listened to the flowers and related to the present moment I was living when they captured my attention. Yes, I talk to the plants. haha (I have also always been attentive to nature, whether I am in the middle of it or in the city, however since I moved to Portugal I have chosen to be even more attentive in order to mix this also in my self observation, which is reflected in what I produce , of course).

Collections in this book:
  • flower petals that have been offered to me since I moved to Portugal (2015 - 2019).
  • paper made of cigarette butt (my first job, in 2010, was on a reintegration and social inclusion project for ex inmates that took place inside the University of Brasilia, at the Faculty of Fine Arts, where we made artisanal paper, students and people who came through this project. There, a chemistry student developed a recipe for paper made with the reuse of cigarette butts, I helped making a good part of them and had some with me, which I brought from Brazil. It is a very good and soft paper, like cotton. And it is unique, which makes it very special to choose to use it.)
3 - [gelatin monotype]
INTERIOR - I keep these dried flowers as a memory of affection. I remember who offered it to me. They also translate a path. These flowers were the matrixes for printing the inside of the book, which I used the gelatin monotype technique. (practice that I recently learned from my friend and neighbor, also an artist, Najla Leroy and with artist friend Walter Almeida).
I chose to put the print of these flowers inside because they are a path of intimacy and affection, they are part of my intimate body, so it is kept inside.